quando criança
olhava pela janela
o mundo ainda pequeno
a vida já vivida
em busca da redenção
olhava pela janela
criando sonhos lúcidos
ouvindo músicas mortas
quando adulto
olhava pela janela
olhava para o passado
não via nada no futuro
quando morto
olhava para a música
lembrava sonhos lúdicos
brincava com a vida
vivida
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Pantufinhas
Ela se sentou na cama e enfiou o pé na pantufa. Pantufinha formato pata de dinossauro, daquelas que fazem você lembrar que a infância só acaba para quem não a quer mais. O ar gelado daquela manhã arrepiou sua pele e o bocejo avisou que o sono ainda não tinha ido embora.
Quando saiu de casa, o vento soprava forte carregando as folhas secas do outono pelo chão. Vestia um sobretudo charmoso e usava um grande cachecol. Caminhava sem rumo. Mãos dentro do bolso e pensamentos fora da realidade. Queria saber para onde ir, e como não sabia de mais nada, ia. Ela mesma era uma folha seca.
Entrou em uma padaria e sentiu o cheirinho dos pães recém saídos do forno. Não sentia fome. Pediu um café. Estranhamente, não o adoçou. Contemplava o vapor que saía da xícara e lembrou da época em que tomava leite quentinho, que sua mãe levava em sua cama.
Notou que a observavam. Não uma, nem duas pessoas. Várias. Não se importou. Continuou bebendo calmamente o café, enquanto decidia se pedia ou não um pão de queijo. Não pediu.
Foi caminhando, esperando por algo acontecer. Mesmo sem rumo algum na vida, sorria. Sentia-se acalentada não sabendo bem pelo quê. Queria ter menos problemas e mais soluções. Queria voltar à primavera, voltar à infância, voltar a sentir o seu coração batendo.
Se ela tivesse olhado para baixo, veria que já tinha voltado. As suas pantufinhas ainda estavam ali, nos seus pés, tentando levá-la para aquele passado que ela nunca tinha deixado de visitar.
Quando saiu de casa, o vento soprava forte carregando as folhas secas do outono pelo chão. Vestia um sobretudo charmoso e usava um grande cachecol. Caminhava sem rumo. Mãos dentro do bolso e pensamentos fora da realidade. Queria saber para onde ir, e como não sabia de mais nada, ia. Ela mesma era uma folha seca.
Entrou em uma padaria e sentiu o cheirinho dos pães recém saídos do forno. Não sentia fome. Pediu um café. Estranhamente, não o adoçou. Contemplava o vapor que saía da xícara e lembrou da época em que tomava leite quentinho, que sua mãe levava em sua cama.
Notou que a observavam. Não uma, nem duas pessoas. Várias. Não se importou. Continuou bebendo calmamente o café, enquanto decidia se pedia ou não um pão de queijo. Não pediu.
Foi caminhando, esperando por algo acontecer. Mesmo sem rumo algum na vida, sorria. Sentia-se acalentada não sabendo bem pelo quê. Queria ter menos problemas e mais soluções. Queria voltar à primavera, voltar à infância, voltar a sentir o seu coração batendo.
Se ela tivesse olhado para baixo, veria que já tinha voltado. As suas pantufinhas ainda estavam ali, nos seus pés, tentando levá-la para aquele passado que ela nunca tinha deixado de visitar.
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