sábado, 12 de setembro de 2009

Óbvia redundância

O subir para cima e o entrar para dentro têm absolutamente tudo a ver com o gostar de você. Foi o que ele pensou enquanto pensava nela. Essa óbvia redundância, apesar de clara, era nada. Nada daquilo que ele pensava que ela queria. E ele pensava que ela não queria nada.
Mesmo assim, ele passava horas do seu dia pensando nela. Horas que se estendiam vagarosamente. Ainda bem, imaginava ele. Pois assim, poderia pensar ainda mais nela. E tudo o que ele pensava era: Como? Como se aproximar sem se distanciar? Como demonstrar sem despencar? Como conseguir sem ela fugir?
Ele começou a relembrar do passado. Sempre ele, o cruel passado. O passado que tanto futuro prometeu. Mas não cumpriu. O passado que presentes deu, e depois, retomou. Palavras que foram ditas, sonhos, vividos e imaginações, criadas.
E o passado passou, presenteando-o com a triste realidade que tornou o futuro, incerto. Como sempre.
Para que, afinal, o comodismo, se podemos arriscar por muito mais? Ele propôs, sem que ela, talvez, sequer soubesse. E, de repente, a óbvia redundância voltou. E com ela, os sonhos a serem vividos, as grandes aventuras a serem imaginadas, o amor a ser consumido.
Talvez a eterna romântica alma dele seja paciente, esperançosa. E sempre há de sonhar. Há de viver um futuro que ainda não existe, mas ao mesmo tempo, existe. Nele. E essa romântica alma dele deseja e quer, de todas as maneiras, que ela também queira sair do comodismo para viver uma grande e redundante aventura. Mas nada óbvia. Cheia de simbolismos, significados, diversão e desafios. E ele tem certeza que felizes eles serão, desde que ela aceite o desafio. Desde que ela enxergue o futuro que ele imagina, para deixar o passado que passou e viver um belo, agradável, redundante e óbvio presente.

3 comentários:

  1. Mandou bem guri, você tem o dom! Ah, e ontem em sua home vi o seu conto no livro, sério orgulho de ser teu brother. Abraços!

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  2. Você brinca com as palavras com a destreza de um animador de marionetes. Você as manipula, dá vida a elas, subjuga-as à sua vontade, ao seu domínio. E assim você domina também a mim. Eu leio como você espera que eu leia. Eu penso como você espera que eu pense. Eu caio em todas as suas armadilhas e me surpreendo com todas as suas surpresas, ao seu bel prazer. Eu entro no seu ritmo. Eu entro no seu mundo. Eu bebo das suas palavras. E é por isso que eu amo ler o que você escreve. Keep doing it! You HAVE to.

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  3. this reminds me of a couple of two dreamers, non-sense minds and crazy hearts...

    so tragic, and so beautiful, as it can be.


    truly word-drunk,
    M.

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