sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Vivo-morto-vivo-Morto



Escola primária, 10 anos de idade em média. Hora do intervalo, também conhecida por, recreio (nota do autor: Nessa idade, as meninas têm mais maturidade que os meninos). As crianças correm de um lado para o outro. E gritam e brincam. Pega-Pega. Esconde-Esconde. (Ainda existe isso?) E fazem muito barulho. Até que chega alguém superior da categoria pedagógica, ou seja, um adulto, a Diretora, e fala aos berros para que ouçam.

- Por favor, podem fazer menos barulho?!

O silêncio surge. A correria cessa. Paz.
Porém, lá ao fundo, ouvem-se duas vozes ainda discutindo. A Diretora se aproxima das duas crianças.

- Oi, o que está acontecendo?

A Menina aponta para o Menino e diz:

- Ele quer!

O Menino cruza os braços e fica emburrado. A Diretora pergunta para ele:

- Você quer o quê?

O Menino continua em silêncio, braços cruzados e birrento. A Menina explica:

- Ele quer roubar de mim o que eu mereci!

A Diretora olha para os dois, já de saco cheio daquilo tudo, e pergunta para a Menina:

- O que você mereceu e ele quer tirar de você?

E a Menina, totalmente ofendida:

- Eu mereci estar aqui! E ele prometeu que ia me tirar daqui!

Então a Diretora olha para o Menino de braços cruzados, emburrado, e pergunta:

- Por que você prometeu tirar dela daqui?

O Menino continua emburrado e em silêncio. E a Diretora, sabendo que tem muito mais o que fazer do que ficar ali consertando brigas, questiona:

- Hein?

O Menino, emburrado, responde meio tímido, meio sem saber como explicar:

- É que ela ganhou.

E a Diretora, agora curiosa, pergunta:

- E ela ganhou o quê?

O Menino, totalmente sem graça, responde quase aos sussurros:

- Ela ganhou o jogo de Vivo-Morto.

A Diretora olha para o cabisbaixo Menino, e pergunta:

- Ela trapaceou?
- Não.
- Ela te enganou?
- Não.
- A vitória foi justa?
- Foi.
- Então menino, por que você está questionando a vitória dela?

E o Menino, aumentando a voz no alto de seu orgulho, responde:

- Porque eu acho que eu devia ter vencido! Por isso, estou aqui brigando por essa vitória!

A Diretora, para encerrar a discussão, olha no fundo dos olhos dele e diz:

- Bom, apenas entenda que ela ganhou, ok? E você perdeu. Então, fale mais baixo e tente ganhar dela da próxima vez, ok?

O Menino apenas concorda com a cabeça, mãos pra trás, cabisbaixo.



E só para constar, no jogo Vivo-Morto, o Menino perdeu justamente quando estava Morto e se levantou, tentando estar Vivo. Mas perdeu de novo.

*Esse link é totalmente ilustrativo. Mas vale o clique: DESESPERO!

sábado, 11 de outubro de 2014

A torcida (des)organizada da eleição 2014



Primeiramente, por uma questão ética, vou deixar bem clara uma informação: Sou PTista. Voto 13. Votei e votarei na Dilma.
 
Segundamente, vou deixar também bem clara uma opinião: Não me importo se você vai votar na Dilma ou no Aécio. Sério, de verdade, e isso deveria ser óbvio. Estamos em uma democracia e é para isso que ela serve, para a pluralidade de opiniões e ideologias partidárias. Porém, essa obviedade não é tão evidente assim.

Portanto, faço uma pergunta simples: O que diabos está acontecendo nessas eleições presidenciais de 2014?

Explico o motivo da minha simples pergunta. Certo dia, mais especificamente no dia 18 de agosto, ainda antes do primeiro turno, eu “saí do armário” e assumi meu voto na Dilma. Como? Apenas mudei minha foto de perfil do Facebook e coloquei uma que tinha no rodapé “Dilma 13”. Pensei que estava fazendo o equivalente ao que meu pai fez quando eu era criança, quando ele adesivou o carro com um “Lula 13”. Ele tornou pública a sua posição política, assim como eu. E eu, de forma ingênua, pensei que as reações a isso seriam nulas, inexistentes. Afinal, ninguém incendiou o carro do meu pai, ou arrebentou os vidros.  Porém, no meu caso, as reações foram imediatas. Recebi dezenas (sim, dezenas!) de mensagens inbox de pessoas que eu nem conheço pessoalmente, “questionando” meu voto (e acredite, tudo isso é ctrl V do meu inbox).

- Cara, eh sério que vc vai votar na Dilma?
- Vc vai votar na Dilma? Estou te excluindo.
- Se você vai votar no PT, você concorda com a corrupção. Canalha!
- Sério isso? E o mensalão?

Isso dentre dezenas de outras mensagens que recebi. Dependendo do meu humor e tempo livre, eu cheguei a responder e a “discutir” com essas pessoas. Desisti. Mas desisti, não por não ter argumentos, mas porque percebi que a enorme maioria desses que me criticaram é que não tinham argumentos. Ou melhor, tinham sim “argumentos”. E eu sempre repeti a mesma pergunta: “Tá, mas em quem você vai votar e qual o motivo?” (e novamente, ctrl V).

- Vou votar na Marina pq quero o PT fora do poder.
- Vou votar no Aécio, por que quero o governo corruPTo fora!
- Vou de Eduardo Jorge porque ele eh o mais coerente dos candidatos e não eh corrupto.
- E se ao invés de votar na Dilma, vc não com ela pra Cuba, junto com essa corja do PT?

Até aí, tudo bem. Afinal, apesar de serem pessoas presentes na minha lista de ‘amigos’ do Facebook, eram desconhecidos. E todos repetiam o mesmo argumento: Fora PT. Mas ignorei, porque né, não sou obrigado. Porém, o problema foi quando a coisa atingiu um nível pessoal, de amigos meus, realmente de convivência, me “criticarem”. E aí a coisa ficou séria e pessoal.

E novamente me sinto obrigado a repetir: Não me importo se você vai votar na Dilma ou no Aécio. Cada um tem os seus motivos para votar nela ou nele. Posso concordar ou discordar? Posso e devo, é meu direito e minha obrigação! Porém, enquanto cidadão brasileiro, concordando ou discordando, eu preciso ter, em primeiro lugar, uma coisa chamada Respeito.

E foi justamente pela falta dessa palavra que surgiu esse meu desabafo na forma de post.

Sim, eu me orgulho de nunca, NUNCA ter menosprezado quem quer que tenha tido uma opinião política diferente e/ou contrária à minha. Nunca. E aí repito novamente a pergunta: O que diabos está acontecendo nessas eleições presidenciais de 2014?

Porque nessas eleições, amigos meus, ao invés de discutirem política comigo como forma de crescimento democrático e de opiniões, apenas me “criticaram”. E deixei a palavra entre aspas duas vezes nesse texto, porque para eles “crítica” significa “ataque” e “menosprezo”.

Tendo como exemplo, primeiramente fui chamado de “burro” porque sou PTista. Ok, primeira ofensa gratuita, já que nunca menosprezei quem é oposição. Não contente e tentando justificar o injustificável, essa mesma pessoa me acusou de sofrer de “cegueira seletiva” por votar no PT. Portanto, 43.267.668 de pessoas nesse país também são burros e sofrem de cegueira seletiva, como eu. O que é ótimo! Já que esses cegos seletivos e burros são muito mais dos que os 34.897.211 que votaram no candidato da oposição.

A ironia das ironias é: Meses antes, com essa mesma pessoa eu tive a melhor discussão política. Argumentamos, concordamos, discordamos, aprendemos e nos respeitamos. E de repente...

Mas finalizando todo esse raciocínio, o que eu queria entender é algo simples: Desde quando a eleição se tornou futebol?

Porque foi isso que a eleição se tornou. Você torce/vota para o adversário? Morra, vá pra Cuba, e leve a corja junto.


Porém, um detalhe: Eu nunca vi gente que vai votar na Dilma sendo agressivo assim. Já os que vão votar no Aécio. Enfim... Miami está logo ali.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

8 ou 80


Porque nessa nossa sociedade “moderna” não há espaço racional para meio termo.

Sabe, ou você é hetero, ou é gay. Bissexuais são indecisos. E se for lésbica, é por falta de um pênis de qualidade que te faça mudar de “opção”.

Ou você é petista ou é contra o petismo. Porque o governo é apenas situação ou oposição. Todos corruptos. Não ouse votar pra presidência número 25 e pra governo número 77. Cadê a coerência?

Ou você é feminista ou é machista. Não há pró-feminismo ou pró-idiotice. Afinal, somos mulheres e homens que vivem em uma sociedade igualitária (no papel).

Ou você é racista, ou não é. Chamar alguém de “Macaco” durante um jogo de futebol, com o óbvio intuito de denegrir a pessoa pela sua cor de pele, é coisa do calor do jogo, não racismo. Afinal, você tem amigos negros que nem se importam com o apelido “Negão” que têm.

Ou você curte funk, ou curte sertanejo. Porque, esses dois estilos musicais que são vendidos como “cultura brasileira”, são uma merda. Sendo que você sequer sabe o que “cultura” realmente significa no dicionário.

Se você é homem e transa com 7 mulheres em 7 dias, você é o cara. Se você é mulher e transa com 7 homens em 7 dias, é uma vadia. Faz todo sentido, claro.

Ou você é ateu, ou é um religioso fervoroso. Sempre vai tentar provar que Deus existe, ou não (ou está morto, Nietzsche). Sem considerar que pode, ou não, existir um Deus dentro da sua religião, ou fora dela.


Sem contar que você, homem ou mulher, mulher ou homem, cis ou transgênero, você é você. E você sendo você, tem apenas a obrigação de ser feliz. E foda-se o que a sociedade pensa disso. Mesmo essa porra de sociedade “moderna” ainda pensando 8 ou 80. 

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Apenas olhe para frente



Dentro do ônibus, eu olhei pra você.
Com medo de você notar.
E com a mesma esperança. Note-me!
Olhei com cuidado, pra não te constranger.
E olhei com atenção, esperando você notar.

Dentro daquele ônibus, olhei de novo pra você.
E você olhava para alguém, pelo celular.
Continuei, até você olhar pra frente, pra mim.
Desviei o olhar.

Você voltou a olhar para alguém pelo celular.
E eu, bom, eu voltei a te olhar.
Continuei olhando a sua beleza, o seu olhar.
Olhei seus cabelos, seu rosto e seu sorriso.
E você sorrindo, olhando para o celular.

Continuei olhando para você, sabendo o seu medo.
De ter um homem te olhando, quando não mais, em um ônibus.
Continuei te olhando, e você, olhando para o celular.
Quando você olhou para frente, para mim, desviei o olhar.

Sorri olhando para o lado, para fora da janela.
Mas na verdade, eu olhava para você, pelo reflexo.
E você olhando, diretamente, para mim. Sorri.
Mas não te olhei, não te vi. Para não te constranger.

Meu ponto chegou. Apertei o botão.
Olhei pra você já cheio de saudades.
Era a última olhada minha para você.
E você olhando para o celular, sorrindo.
Quando me levantei pra descer, você olhou pra mim.
Eu sorri. E você também. O ônibus parou. E eu desci.
Desci e vi você olhando e sorrindo pra mim pela última vez.
E eu te enxerguei, pela primeira vez.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Desabafo de um Homem para todas as Mulheres


Pois esse meu desabafo é para você, Mulher que por um acaso já cruzou meu caminho. Quero lhe pedir desculpas.

Peço-lhe desculpas pelo medo que eu fiz você sentir. Acredite, não foi minha intenção. Mas eu notei quando você me viu andando na rua à noite, ao seu encontro, e apressou o seu passo ou atravessou a rua. Eu vi e não só não te condeno, como eu te entendo. Me desculpe.

Peço desculpas por todas as vezes em que eu estive em um ônibus lotado e, tentando me virar de lado, aparentei estar me aproveitando de você. Não, eu não estava. Pelo contrário, eu me senti mais constrangido do que você. Porque, infelizmente, você já viveu situações piores dentro de um ônibus. E eu, não.

Eu, enquanto Homem, peço desculpas por todos os assovios e “elogios” que você ouve a cada dia, a cada passo, a cada esquina na rua. Porque assédio sexual não precisa ser físico. Na maioria das vezes, é dito.

Peço desculpas também pelos estupros que acontecem diariamente por aí. E peço mais desculpas ainda quando leio que “Estava andando de minissaia, é porque pediu.” ou “Com certeza provocou, por isso mereceu.”. Por isso peço desculpas pela hipocrisia que lhes é imposta de que – cadê a lógica? – a vítima é a culpada. Se a vítima é mulher, ela é sempre a culpada.

Só quero pedir desculpas pelo mundo machista em que vivemos. Em que a Mulher anda com medo pelas ruas, é assediada, abusada, humilhada, maltratada e... Culpada, por tudo o que os homens lhes fazem e falam.

Peço perdão, porque o Homem que é Homem, sabe como deve tratar as Mulheres. Já os homens infames, acham que a Mulher é seu objeto. Quando deveriam se lembrar que é da Mulher que veio o H(h)omem.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Mi! Obrigado.



Agradeço.

Você não apenas mudou a minha vida. Você a transformou.
Você não apenas veio e se foi. Você me transformou em alguém que acredita.
Acredita não apenas no amor, mas que acredita em si mesmo.

Você me mudou.

Antes de você eu era um alguém qualquer.
Agora sou alguém com alma. Com amor. Com algo a perder.
Acho que entendo que você entrou na minha vida para sair da forma que saiu.

De repente.

Com marcas para sempre.
E de repente eu entendi que sou muito mais do que jamais fui.

Agradeço.

Hoje eu vou além, eu arrisco, eu jogo os dados.
Hoje eu vivo. E não apenas existo.
Você abriu meus olhos para a vida. Para você. Para mim.

Você me ensinou que o amor é algo para se correr atrás.
Como eu corri atrás de você. Não deu certo, tudo bem...

Passou.

Mas com o passado veio uma visão de futuro.
Que apostar é sempre bom, e fodam-se as estatísticas.
E estou correndo atrás do meu futuro. Do jeito que eu quero que ele aconteça.
Se vai dar certo, só esse futuro dirá.

Mas por eu estar correndo atrás, agradeço a você.
Que me ensinou que a vida é mais do que viver.
A vida é surpreender. Como você me surpreendeu quando entrou na minha.
E como eu te surpreendi quando me propus a entrar na sua.
Não deu certo, mas tudo bem...

Hoje é o seu aniversário e eu só queria te prestar essa homenagem.
Você foi a mulher mais importante da minha vida. (Deixe minha mãe e irmã de lado)
E a mulher por quem eu estive disposto a largar a minha vida aqui.

Você foi quem eu sempre quis. E quero que seja feliz.
Seja, por favor, feliz. Porque é o que eu te desejo.

Michelle, você é maravilhosa. Saiba sempre disso.
Nunca se esqueça de que você mudou a vida de um homem.
Eu.

E sempre se lembre de que um homem quis largar,
A vida que tinha, para estar com você pra sempre.

Michelle, parabéns e feliz aniversário.
Sim, te amo por tudo!
E agradeço, do fundo do meu coração, por você ter entrado em minha vida.
Porque sem você, hoje eu seria,

Nada.

Obrigado.