quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Unhas vermelhas

Ela estava lá, provavelmente sentada em algum sofá de alguma sala assistindo a alguma coisa tola na televisão. Despreocupada, claro. Talvez pintando as unhas dos pés. De vermelho. Talvez, pensando em alguém.
Ele estava ali, usando novamente sua romântica imaginação, imaginando alguma linda garota sentada em algum sofá, assistindo a qualquer tola coisa na televisão. Talvez ela estivesse pintando as unhas dos pés, de vermelho, ou talvez, estivesse esperando o bolo ficar pronto.
 
Já era noite quando ele saiu de casa. Ligou o carro e saiu. Parou em um semáforo e, como de costume, olhou para o carro ao lado. Ali estava uma garota ao volante olhando fixamente para o semáforo. E ela era linda. Ele a reconheceu de algum lugar, mas não fazia ideia da onde. Então, ficou ali, observando-a, tentando relembrar de onde a conhecia, quando ouviu uma buzina. O sinal abrira. Engatou a primeira marcha e acelerou, tentando chegar ao lado do carro dela para observá-la ao menos mais uma vez. Mas ela virou em uma esquina e ele, continuou reto.
No outro carro, ela sequer notou aquele homem que a observava quando estavam parados no semáforo. Após virar a esquina, ela parou em frente a um prédio. Pegou seu celular e chamou sua amiga.
Algumas quadras à frente, ele pegou o celular. Cara, to chegando. Desce. Desligou o celular e o jogou no banco do passageiro.

Em frente a um barzinho qualquer, ela e a amiga estavam esperando na fila. Em suas mãos, duas latas de cerveja. Falavam besteiras e riam de besteiras.

No carro, ele e o amigo passavam em frente a um barzinho qualquer. Reduziram a velocidade. Na fila, algumas várias pessoas. Nenhuma conhecida. Foram em frente.

Quase na porta do barzinho, ela e a amiga continuavam conversando. A fila andou. O segurança falou. Vocês não pode entrar com essas garrafas. Elas terminaram de beber, colocaram as garrafas na calçada e entraram.

Ao lado do carro estacionado, ele e o amigo decidiam para onde ir. Aqui ou ali? Não sei. Vamos pra lá? Vamos. E foram. Chegaram à frente de um barzinho qualquer. Entraram na fila e esperaram. A fila andou e parou. Continuaram esperando. A fila voltou a andar. Ele chutou, sem querer, duas garrafas que alguém havia deixado pela calçada. Passaram pelo segurança e entraram.

Dentro daquele barzinho qualquer, eles pediram duas garrafas de cerveja. Ou melhor, quatro, já que duas iriam para aquelas duas garotas que viam logo à sua frente. Ele a reconheceu, mas não fazia ideia da onde. Talvez se tivesse visto as unhas dos pés dela, pintadas de vermelho, saberia. Oi, escute. Eu não te conheço? Acho que não. Então, prazer. Prazer, vocês dois bebem, hein? Não, essas duas garrafas são pra vocês. E começaram a conversar. Conversaram trivialidades e se divertiram através de imbecilidades. Cara, preciso mijar, já volto. Eu também preciso mijar. Garotas, já voltamos. E eles foram para o banheiro. Quando saíram, não as viam mais. Onde será que elas estão? Sei lá. Vamos procurar? Vamos. Deram uma volta inteira pelo bar, mas não mais as encontraram. Quando olharam para a porta de saída, lá iam elas. Cara, você realmente conhecia ela? Sei lá, mas alguém tinha que falar alguma coisa. E ele deu mais um gole na cerveja.

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